Comentário - Romanos 1.2-4 - J. Calvino
2. O qual ele prometeu anteriormente por meio de seus profetas nas santas Escrituras, - Uma doutrina é suspeita de ser de recente introdução perde considerável porção de sua autoridade; por isso Paulo estabelece acredibilidade do evangelho com base em sua antigüidade. É quase como se ele estivesse dizendo que Cristo não desceu a terra inesperadamente, nem introduziu um novo gênero de doutrina que jamais fora ouvida antes, porquanto Cristo e seu evangelho foram prometidos e sempre esperados desde os primórdios mais remotos do mundo. Contudo, visto que a antigüidade com freqüência adquire um aspecto mítico, ele introduz os profetas de Deus como testemunhas - e testemonhas de suprema integridade -, a fim de remover qualquer suspeita. Além disso, ele acrescenta que o testemunho deles assumiu o caráter de sentença escrita, ou, seja, a santa Escritura.
Desta passagem podemos deduzir a natureza do evangelho, pois Paulo nos ensina que ele não fora pregado pelos profetas, mas só prometido. Se, pois, os profetas prometeram o evangelho, segue-se que o mesmo foi revelado quando o Senhor finalmente manifestou-se em carne. Portanto, aqueles que confundem as promessas com o próprio evangelho se equivocam, visto que o evangelho propriamente dito é a pregação estabelecida do Cristo manifestado, em quem as próprias promessas se concretizam.
3. Concernente a seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, - Nesta importante cláusula Paulo nos ensina que todo o evangelho está contido em Cristo. Desviar-se de Cristo, mesmo que seja apenas um passo, significa privar-se alguém do evangelho. Visto que Cristo é a viva expressa imagem do Pai, não há por que nos sentirmos surpresos com o fato de que ele é simplesmente posto diante de nós como Aquele que é tanto o objeto quanto o centro da nossa fé. As palavras, pois, constituem uma descrição do evangelho, com as quais Paulo sumaria seu conteúdo. Tenho traduzido as palavras Jesus Cristo, nosso Senhor, que vêm em seguida, no mesmo sentido de seu Filho, por sentir que este procedimento se adequa melhor ao contexto. A conclusão, pois, é que quando alguém logra algum progresso no conhecimento de Cristo, traz com esse progresso tudo o que pode ser aprendido do evangelho. Em contrapartida, buscar sabedoria à parte de Cristo significa não meramente temeridade, mas também completa insanidade.
Que nasceu. - Divindade e humanidade são dois requesitos que devemos procurar em Cristo, caso pretendamos encontrar nele a salvação. Sua divindade contém poder, justiça e vida, os quais nos são comunicados por sua humanidade. Por esta razão o apóstolo expressamente mencionou ambas em seu sumário do evangelho, ao declarar que Cristo manifestou-se na carne, e que na carne ele declarou ser o Filho de Deus. Igualmente João, após afirmar que o Verbo se fez carne, acrescenta queem sua própria carne havia glória como a do Unigênito do Pai [Jo 1.14]. A nota especial que Paulo apresenta da linhagem e descendência de Cristo, de seu ancestral Davi, é totalmente deleberada, pois esta cláusula particular nos lembra a promessa e remove toda e qualquer dúvida que porventura venhamos nutrir de ser ele Aquele que fora previamente prometido. A promessa que fora feita a Davi se tornou tão amplamente conhecida, que se generalizou entre os judeus o hábito de qualificar o Messias como sendo o Filho de Davi. O fato de Cristo ser o descendente de Davi contribui, portanto, para a confimação de nossa fé. Paulo adiciona, segundo a carne, - para demosntrar que Cristo possuía algo superior à carne - algo que era oriundo do céu, e não de Davi, a saber: a glória da natureza divina, a qual ele menciona imediatamente. Além disso, ele não só declara, por meio dessas expressões, que Cristo possuía carne real, mas também faz a clara distinção entre as naturezas humana e divina de Cristo, refutando assim o blasfemo absurdo de Serveto, o qual determinou que a carne de Cristo era composta de três elementos não criados.
4. Declarado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos; - Ou determinado [definitus]. Paulo está dizendo que o poder da ressurreição representava o decreto pelo qual, como se acha no Salmo 2.7, Cristo foi declarado Filho de Deus:"Neste dia eu te gerei" - Gerar, aqui, tem referência àquilo que foi feito conhecido. Certos intérpretes encontram nesta passagem três provas distintas da divindade de Cristo - a primeira é o poder (pelo qual compreendem os milagres); a segunda é o testemunho do Espírito; e a terceira é a ressurreição dentre os mortos. Prefiro, contudo, juntar estas três provas e sumariá-las assim: Cristo foi declarado Filho de Deus pelo exercício público de um poder verdadeiramente celestial, ou, seja, o poder do Espírito Santo, quando ele ressuscitou dos mortos. Este poder é possuído quando é selado pelo mesmo Espírito em nossos corações. A linguagem do Apóstolo apoia esta interpretação. Ele afirma que Cristo foi declarado com poder, porque foi visto nele o poder que, com propriedade, pertence a Deus. Isso na verdade se fez ainda mais evidente em sua ressurreição, assim Paulo em outra parte, após declarar que a fraqueza da carne se fez manifesta na morte de Cristo, exalta o poder do Espírito em sua ressurreição [2Co 13.4]. Esta glória, contudo, não se fez notória até que o mesmo Espírito a imprimisse em crentes individualmente experimentam em seus próprios corações com o espantoso poder do Espírito, o qual Cristo manifestou ao ressuscitar dos mortos, é claro à luz de sua expressa menção de santificação. É como se dissesse que o Espírito, ao mesmo tempo que santifica, também confirma a ratifica essa prova de seu poder que uma vez demonstrou. As Escrituras com freqüência atribuem títulos ao Espírito de Deus, os quais servem para elucidar nossa presente discussão. Daí o Espírito ser chamado por nosso Senhor, o Espírito da verdade [Jo 14.17], em razão de seu efeito como descrito nessa passagem. Além do mais, diz-se que o poder divino foi exibido na ressurreição de Cristo, visto que ele ressuscitara por seu próprio poder, como ele mesmo testificou: "Destruí este templo, e em três dias o reconstruirei"[Jo 2.19]; "ninguém a toma [ minha vida ] de mim" [Jo 10.18]. Cristo triunfou sobre a morte, à qual se entregou em razão da debilidade de sua carne, triunfo esse não em virtude de algum auxílio externo, mas pela operação celestial de seu próprio Espírito,
Desta passagem podemos deduzir a natureza do evangelho, pois Paulo nos ensina que ele não fora pregado pelos profetas, mas só prometido. Se, pois, os profetas prometeram o evangelho, segue-se que o mesmo foi revelado quando o Senhor finalmente manifestou-se em carne. Portanto, aqueles que confundem as promessas com o próprio evangelho se equivocam, visto que o evangelho propriamente dito é a pregação estabelecida do Cristo manifestado, em quem as próprias promessas se concretizam.
3. Concernente a seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, - Nesta importante cláusula Paulo nos ensina que todo o evangelho está contido em Cristo. Desviar-se de Cristo, mesmo que seja apenas um passo, significa privar-se alguém do evangelho. Visto que Cristo é a viva expressa imagem do Pai, não há por que nos sentirmos surpresos com o fato de que ele é simplesmente posto diante de nós como Aquele que é tanto o objeto quanto o centro da nossa fé. As palavras, pois, constituem uma descrição do evangelho, com as quais Paulo sumaria seu conteúdo. Tenho traduzido as palavras Jesus Cristo, nosso Senhor, que vêm em seguida, no mesmo sentido de seu Filho, por sentir que este procedimento se adequa melhor ao contexto. A conclusão, pois, é que quando alguém logra algum progresso no conhecimento de Cristo, traz com esse progresso tudo o que pode ser aprendido do evangelho. Em contrapartida, buscar sabedoria à parte de Cristo significa não meramente temeridade, mas também completa insanidade.
Que nasceu. - Divindade e humanidade são dois requesitos que devemos procurar em Cristo, caso pretendamos encontrar nele a salvação. Sua divindade contém poder, justiça e vida, os quais nos são comunicados por sua humanidade. Por esta razão o apóstolo expressamente mencionou ambas em seu sumário do evangelho, ao declarar que Cristo manifestou-se na carne, e que na carne ele declarou ser o Filho de Deus. Igualmente João, após afirmar que o Verbo se fez carne, acrescenta queem sua própria carne havia glória como a do Unigênito do Pai [Jo 1.14]. A nota especial que Paulo apresenta da linhagem e descendência de Cristo, de seu ancestral Davi, é totalmente deleberada, pois esta cláusula particular nos lembra a promessa e remove toda e qualquer dúvida que porventura venhamos nutrir de ser ele Aquele que fora previamente prometido. A promessa que fora feita a Davi se tornou tão amplamente conhecida, que se generalizou entre os judeus o hábito de qualificar o Messias como sendo o Filho de Davi. O fato de Cristo ser o descendente de Davi contribui, portanto, para a confimação de nossa fé. Paulo adiciona, segundo a carne, - para demosntrar que Cristo possuía algo superior à carne - algo que era oriundo do céu, e não de Davi, a saber: a glória da natureza divina, a qual ele menciona imediatamente. Além disso, ele não só declara, por meio dessas expressões, que Cristo possuía carne real, mas também faz a clara distinção entre as naturezas humana e divina de Cristo, refutando assim o blasfemo absurdo de Serveto, o qual determinou que a carne de Cristo era composta de três elementos não criados.
4. Declarado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos; - Ou determinado [definitus]. Paulo está dizendo que o poder da ressurreição representava o decreto pelo qual, como se acha no Salmo 2.7, Cristo foi declarado Filho de Deus:"Neste dia eu te gerei" - Gerar, aqui, tem referência àquilo que foi feito conhecido. Certos intérpretes encontram nesta passagem três provas distintas da divindade de Cristo - a primeira é o poder (pelo qual compreendem os milagres); a segunda é o testemunho do Espírito; e a terceira é a ressurreição dentre os mortos. Prefiro, contudo, juntar estas três provas e sumariá-las assim: Cristo foi declarado Filho de Deus pelo exercício público de um poder verdadeiramente celestial, ou, seja, o poder do Espírito Santo, quando ele ressuscitou dos mortos. Este poder é possuído quando é selado pelo mesmo Espírito em nossos corações. A linguagem do Apóstolo apoia esta interpretação. Ele afirma que Cristo foi declarado com poder, porque foi visto nele o poder que, com propriedade, pertence a Deus. Isso na verdade se fez ainda mais evidente em sua ressurreição, assim Paulo em outra parte, após declarar que a fraqueza da carne se fez manifesta na morte de Cristo, exalta o poder do Espírito em sua ressurreição [2Co 13.4]. Esta glória, contudo, não se fez notória até que o mesmo Espírito a imprimisse em crentes individualmente experimentam em seus próprios corações com o espantoso poder do Espírito, o qual Cristo manifestou ao ressuscitar dos mortos, é claro à luz de sua expressa menção de santificação. É como se dissesse que o Espírito, ao mesmo tempo que santifica, também confirma a ratifica essa prova de seu poder que uma vez demonstrou. As Escrituras com freqüência atribuem títulos ao Espírito de Deus, os quais servem para elucidar nossa presente discussão. Daí o Espírito ser chamado por nosso Senhor, o Espírito da verdade [Jo 14.17], em razão de seu efeito como descrito nessa passagem. Além do mais, diz-se que o poder divino foi exibido na ressurreição de Cristo, visto que ele ressuscitara por seu próprio poder, como ele mesmo testificou: "Destruí este templo, e em três dias o reconstruirei"[Jo 2.19]; "ninguém a toma [ minha vida ] de mim" [Jo 10.18]. Cristo triunfou sobre a morte, à qual se entregou em razão da debilidade de sua carne, triunfo esse não em virtude de algum auxílio externo, mas pela operação celestial de seu próprio Espírito,
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